Max dos Vasconcelos
Dia grande e cruel à memória operária,
Hinos brancos de Paz, hinos rubros de Guerra,
A Bandeira do Amor que se fez incendiária…
Data fatal que em si ao mesmo tempo encerra
A promessa do Bem ao coração do Pária
E juramento de Ódio aos senhores da Terra!
Olhar perdido além, num horizonte vago,
Num sonho em que se vê o Mundo Comunista,
Ou se lembram talvez os mortos de Chicago!
Grande marco miliário à suprema conquista
Do País Ideal onde se esplaina o Lago
Verde-azul da Concórdia a consolar a vista…
Calendimaio! O Sol que te ilumina seja
O último a iluminar as grades da Prisão,
Os muros do Quartel e as fachadas da Igreja;
E amanhã, ao brotar do grande Astro o clarão,
Que aos seus raios triunfais o Homem por fim se veja
Sobre a Terra, a cantar, liberto do patrão!…
Publicado originalmente em
A Voz do Trabalhador, Rio de Janeiro, 1º de maio de 1913